domingo, janeiro 14, 2007

A Dança do Amor


Fascinante é, do amor, a dança,
Tão leve que o pé não alcança,
O chão e no ar me lança.
Em movimentos serpentinos,
Ao som de címbalos cristalinos,
Talhados em materiais argentinos.
Rio. Da dança eu tenho o dom,
Deslumbro-te. Mudo a cada tom,
Os passos acompanhando o som.
Do tambor, como numa embriaguez,
Toco teu peito e sinto a calidez,
O suor desce pela morena tez.
O coração bate. A mão não recua,
No ar parece pluma que flutua,
Desce, lenta, sobre a figura nua.
E explorando cada canto vai,
Em frente acarinhando e recai,
Sobre o ponto que mais me atrai.
Depois de ter teu corpo envolvido,
Na volúpia, que é um fino tecido,
Com as tintas do meu prazer colorido,
Permaneço neste desvario que me seduz,
O espelho do meu quarto reproduz,
Teu corpo cansado à meia luz.
E sinto que fui Salomé em coleios,
Com passos loucos no palco sem receios,
Seduzi-te com a forma dos meus seios.
Maria Hilda de J. Alão.

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