quinta-feira, janeiro 18, 2007

Jesus no Lar






Na véspera da partida do Senhor, no rumo de Sídon, o culto do Evangelho, na residência de Pedro, revestiu-se de justificável melancolia. As atividades do estudo edificante prosseguiriam, mas o trabalho da revelação, de algum modo, experimentaria interrupção natural.
A leitura de comoventes páginas de Isaías foi levada a efeito por Mateus, com visível emotividade; entretanto, nessa noite de despedi­das, ninguém formulou qualquer indagação. Intraduzível expectativa pairava no semblan­te de todos. O Mestre, por si, absteve-se de qualquer co­mentário, mas, ao término da reunião, levantou os olhos lúcidos para o Céu e Suplicou fervoro­samente:

Pai, acende a Tua Divina Luz em torno de todos aqueles que Te olvidaram a bênção, nas sombras da caminhada terrestre. Ampara os que se esqueceram de repartir o pão que lhes sobra na mesa farta.
Ajuda aos que não se envergonham de os­tentar felicidade, ao lado da miséria e do infor­túnio Socorre os que se não lembram de agradecer aos benfeitores.
Compadece-te daqueles que dormiram nos pesadelos do vício, transmitindo herança dolo­rosa aos que iniciam a jornada humana.
Levanta os que olvidaram a obrigação de serviço ao próximo.
Apieda-te do sábio que ocultou a inteligência entre as quatro paredes do paraíso doméstico.
Desperta os que sonham com o domínio do mundo, desconhecendo que a existência na carne é simples minuto entre o berço e o túmulo, à frente da Eternidade. Ergue os que caíram vencidos pelo excesso de conforto material.
Corrige os que espalham a tristeza e o pes­simismo entre os semelhantes.
Perdoa aos que recusaram a oportunidade de pacificação e marcham disseminando a revolta e a indisciplina. Intervém a favor de todos os que se acre­ditam detentores de fantasioso poder e supõem loucamente absorver-te o juízo, condenando os próprios irmãos.
Acorda as almas distraídas que envenenam o caminho dos outros com a agressão espiritual dos gestos intempestivos.
Estende paternas mãos a todos os que olvi­daram a sentença de morte renovadora da vida que a tua lei lhes gravou no corpo precário. Esclarece os que se perderam nas trevas do ódio e da vingança, da ambição transviada e da impiedade fria, que se acreditam poderosos e livres, quando não passam de escravos, dignos de compaixão, diante de teus sublimes desígnios. Eles todos, Pai, são delinqüentes que esca­pam aos tribunais da Terra, mas estão assinala­dos por Tua Justiça Soberana e Perfeita, por deli­tos de esquecimento, perante o Infinito Bem...

Chico Xavier pelo espírito Neio Lúcio

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