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A Vida é uma vitrina de tecidos.
A gente, por instantes,
fica de olhos perdidos
na beleza das telas deslumbrantes.
Depois, entra na loja e vai comprar.
Caixeirinha gentil, a Ilusão
vem vender ao balcão
e não se cansa de mostrar,
não se cansa
de exibir delicados,
rendilhados,
leves panos de Sonho e de Esperança.
As mãos tocam de levena leveza das telas.
Não vá o gesto, por mais breve,
esgarçar uma delas!
Todas tão lindas!
Mas a que fascinanão está ali na grande confusão
das peças espalhadas no balcão.
E a gente diz,
num ar feliz:
"Levo daquela róse
a, muito fina,
exposta na vitrina.
"Logo o Destino vem (da loja é o dono)
e fala sobranceiro, com entono:
"É artigo raro.
Marca, padrão e cor: - Felicidade.
É um artigo de alta qualidade
o mais caro
de todos os tecidos.
São cortes especiais...e estão vendidos!"
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E a gente vai comprar do áspero pano
que se encontra na seção do Desengano.
Graciette Salmon (Poetisa Paranaense)
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