segunda-feira, abril 09, 2007

O espírito




Nada a fazer amor, eu sou do bando

Impermanente das aves friorentas;

E nos galhos dos anos desbotando

Já as folhas me ofuscam macilentas;

E vou com as andorinhas.

Até quando?

À vida breve não perguntes: cruentas

Rugas me humilham.

Não mais em estilo brando

Ave estroina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera

Quem na amada o conjura.

Além, mais alto,

Em ileso beiral, aí espera:

Andorinha indene ao sobressalto

Do tempo, núncia de perene primavera.

Confia. Eu sou romântica. Não falto.

Natália Correia

Nenhum comentário: