Como uma Borboleta
Que gente alegre é esse povo de Deus!
Desde os tempos de Moisés,
Festeja, comemora - eloqüente,
A liberdade do jugo dos poderosos,
Do pecado, do corpo, da serpente.
Que gente crédula é esse povo de Deus!
Anda por caminhos espinhentos,
Maltrapilho, resignado, inerte,
Aviltado em seus sentimentos,
Mas convicto de que um dia acerte.
Que gente mágica é esse povo de Deus!
Todo dia dribla suas próprias feras
Para concorrer consigo mesmo,
Na conquista de prometidas quimeras,
Acenadas pelo imaginário... à esmo.
Que gente sonolenta é esse povo de Deus!
Cativo dos despertos, escorregadios como sabão,
Dorme com suas bandeiras envolvendo-lhe a alma,
Sonha sobre o travesseiro da imposta alienação,
Como se nadasse com a maré sempre calma.
Subir o Sinai é preciso, povo de Deus!
É teu o dever de supervisionar o planeta,
Reparar os rasgos, emendar os pedaços.
Já que agora tem, usa telescópio, luneta.
Atravessa os mares Mortos, imediatamente.
Recria leis rigorosas, em nova tabuleta.
Depois comemora sorridente a páscoa,
Livre... como uma borboleta.
Sandra Fayad
Publicado no Recanto das Letras em 09/04/2007
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