domingo, março 16, 2008



"VÓS SOIS DEUSES"


Vós sois deuses", disse o Mestre de Nazaré, referindo-se à nossa condição de seres imortais."Podeis fazer tudo que faço e muito mais", acrescentou ainda. Recordamos-lhe a vida e o vemos andando pelas estradas, atendendo o povo, sem cansaço.O povo, a sua paixão. Onde se manifestasse a dor, ei-Lo a espalhar o consolo. Ele adentra Naim e, deparando-se com um féretro que levava ao sepulcro um corpo jovem, compadece-se da mãe em prantos. Estanca o passo dos homens e ordena ao moço que se erga, devolvendo-o à mãe, agora em júbilo.
Ele convive com a má-vontade e a ignorância dos homens. Ouve as perguntas, tolas por vezes, que lhe são dirigidas e as responde, elucidando. Vai à casa dos apontados como corruptos, serve-se do momento para ensinar o bem, sem conspurcar-se. Ergue a mulher equivocada de Magdala, convidando-a a reformulação íntima.Recebe-lhe as demonstrações de carinho e ternura, mas insiste no convite à mudança de atitude.Imparcial, sempre. Sereno, também.Devolve a vista ao cego de nascença e lhe recomenda nada dizer a ninguém. Como se pudesse o beneficiado deter a alegria de que se revestiu.Liberta o homem de Gadara da legião de espíritos infelizes que o atormentavam.
Aponta diretrizes renovadas à mulher, na fonte, e lhe possibilita o crescimento espiritual. Da virtude que emana de seu espírito oferta a cura ao problema hemorrágico da mulher das distantes terras de Cesaréia de Felipe. Entra, triunfante, em Jerusalém, sem, no entanto, prender-se às efêmeras manifestações de júbilo com que o recebe o povo."Podeis fazer muito mais..."
Obediente à assertiva do cristo, Albert Schweitzer embrenhou-se no coração da áfrica equatorial francesa e se dedicou aos seus irmãos negros.Construiu seu hospital do nada, praticamente com as próprias mãos. Tudo para atender os pacientes africanos atacados de todas as doenças, desde lepra até elefantíase. Foi-lhes médico, pastor, professor. Suportou-lhes a ignorância que os fazia comer os ungüentos receitados para afecções da pele. Ou beber de uma só vez o vidro de medicamento destinado a durar semanas. Ou quando tentavam envenenar outros internos.Quando o silêncio descia sobre o resto do acampamento, ele trabalhava até meia-noite, ou mais tarde ainda, escrevendo ou respondendo cartas. Quando partiu para a África, Schweitzer pensou que estava abandonando para sempre as coisas que lhe eram mais caras: a arte e o ensino. Mas sempre teve um piano consigo na áfrica e assim pôde manter em dia sua música. Suas gravações de Bach em órgão obtiveram grande êxito. Cada vez que voltava à civilização, fazia uma longa série de conferências, havendo sido homenageado por inúmeras universidades. Além disso, trabalhando à noite, manteve uma produção literária constante. Os homens lhe reconheceram a grandeza: ele recebeu o prêmio Nobel da paz, em 1952."Vós sois deuses... Podeis fazer muito mais..."Schweitzer fez. Que podemos nós realizar?

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